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sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Aquecimento Global: Uma Excelente Notícia

Segundo os dados mais recentes, a temperatura poderá aumentar cerca de 3 graus nos próximos anos. Boas notícias, sem dúvida. Contudo, ouvi uma previsão ainda mais animadora de 7 graus, mas como sou cauteloso prefiro aguardar para ver, antes de dar pulos de alegria.
O meu medo é que as calotas polares resistam mais tempo do que devem e infelizmente vejo um cada vez maior enxame de cientistas a meterem o bedelho nos pólos. Pois bem, meus caros, eu gosto mais de sol e praia. Por isso deixem estar as calotas onde estão e deixem a mãe natureza seguir o seu caminho. E não me venham com o discurso sobre os coitadinhos dos pinguins. Se deixar de haver frio, eles habituam-se ao calor e tratarão de descobrir a arte da mudança de pele, não serão os primeiros e não serão os últimos. O meu canário troca de penas todos os anos e só deus sabe como tem sérias limitações de compreensão do que se passa à volta dele. E se os ursos polares já não conseguem dormir, problema deles, porque quando tive problemas de sono durante dois anos, porque tinha um bar aberto no rés-do-chão do prédio onde morava anteriormente, ninguém quis saber, nem a polícia aparecia por lá.
Claro que há portugueses preocupados, mas são aqueles que não têm ouvido a minha voz nos últimos anos. Muitos portugueses endividaram-se e não tiveram o cuidado de investir em imóveis a alguns quilómetros do mar e a cerca de 20 metros acima do nível médio das águas. Não é preciso referir que foi exactamente o que fiz. Investi num T4 (e já veremos as vantagens de ser um T4, com um pequeno logradouro que dá para colocar cinco mesas, vários guarda-sóis e uma churrasqueira) a cerca de 30 km do mar. O preço do metro quadrado foi bastante inferior ao praticado junto ao oceano. Tive o cuidado de verificar que se situa a cerca de 22 metros acima do mar e agora só me resta esperar e dar o meu contributo diário para o aquecimento global: faço cerca de 40 km por dia no meu carro a diesel. Se tudo correr bem, e a minha visão se concretizar, e não raras vezes o tem sucedido, terei o mar perto de casa dentro de poucos anos.
A minha preocupação com os 22 metros não é absurda. Qualquer incauto pensa da seguinte forma: o mar pode subir 15 metros; vou comprar um terreno a 16 ou 17. E as ondas, meus senhores? As ondas, não contam?
O meu T4 vai valorizar e provavelmente terei um a dois quartos a alugar para turistas na época alta (e na garagem posso colocar umas paredes de pladur e dá para instalar uma cama com mesinha de cabeceira e uma cómoda). Com esse dinheirinho vou recuperar parte do meu investimento. Para além de tudo isto, uma temperatura mais agradável permite-me investir num pequeno serviço no meu logradouro onde venderei uns sumos naturais (os meus tios têm boa laranja e tangerina) e talvez uns petiscos, se possível à base de mariscos: uns percebes, um camarão tigre, umas amêijoas à bulhão pato, umas ostras gratinadas ou uns mexilhões de vinagrete. Se as coisas correrem realmente bem avanço para umas cataplanas de marisco e umas açordas à maneira.
Ou seja, a subida de 7 graus centígrados na temperatura seria extraordinariamente bom. Ao longo dos séculos esta tem sido uma terra maldita e só as artes do nosso povo permitiu contrariar esta triste realidade, criando moelinhas, alheiras, chouriças, presunto, tripas enfarinhadas, pregos no prato, francesinhas, petiscos sem dúvida agradáveis, mas que não conseguem fazer esquecer a maldição da mãe natureza. Por aqui não encontramos em abundância lagostas, caranguejos, camarão tigre, bananas, papaias e não sei o que mais.
Mas reparem ainda na tristeza e deprimência do nosso folclore: mulheres e homens cobertos de roupas aos saltos, ranchos e mais ranchos e mais ranchos e mais ranchos. Um pesadelo etnográfico que foi criado devido ao nosso clima nem frio nem quente, mas chuvoso e acima de tudo, esquisito. Que português não sente inveja quando vê aqueles povos que andam praticamente sem roupa e têm danças típicas decentes em que se roçam uns nos outros. E quem dá o exemplo é a avozinha.
Por isso, pela primeira vez na minha vida, vejo os ventos correrem de feição e estou em plena harmonia com a natureza. É um daqueles casos em que me sinto parte integrante do mundo, em simbiose perfeita com o meio ambiente.

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