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sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Procuram-se

Um amigo meu de Baião, mas já há vários anos a trabalhar em Lisboa, escreveu há dias uma carta para o programa da TVI Você na TV a requisitar ajuda para encontrar duas pessoas. Esse meu amigo pediu-me que publicasse aqui essa carta na esperança de que algum dos leitores deste blog o possa igualmente ajudar nessa busca.

«Caros Manuel Luís e Cristina. Começo por lhes dizer que gosto muito do Você na TV. Sempre que estou de bem com a vida e preciso cair na real ou queira sentir-me um pouco mais deprimido vejo o vosso programa. Geralmente, choro muito a ver-vos. Acho que os dois são os melhores apresentadores da televisão portuguesa, apesar das gargalhadas da Cristina e do Manuel Luís, por causa da idade, estar a ficar demasiado brejeiro e ridículo, mas isso são pormenores.
Vocês não sabem mas eu chamo-me Alfredo. Os meus amigos tratam-me por Fredo, Fredy, Fred ou monstro das bolachas Maria, porque consigo dar cabo de um pacote enquanto o diabo esfrega um olho.
Eu trabalho no Instituto do Emprego e Formação Profissional, em Lisboa. Antes de vir para cá, pois eu não sou de cá, mas sim de Baião, já eu trabalhava nestes assuntos de inscrever os outros no desemprego e de lhes procurar trabalho. Portantos, o meu trabalho sempre foi arranjar trabalho para os outros.
Escrevo-lhes para pedir a vossa ajuda: eu gostava que vocês e a vossa equipa do Você na TV tratassem de me descobrir duas pessoas. A primeira é uma amiga que eu tive na infância. Ela morou duas ruas abaixo da minha durante três anos. Tínhamos os dois oito anos quando a família dela se mudou por causa de umas falcatruas que o pai dela andava a fazer. Lembro-me de ouvir dizer que eles iam mudar-se para o “não sei quê mais velho”. A Ritinha, era esse o nome da minha amiga, usava um cabelo castanho com duas tranças e uma franja à frente, tinha sardas nas bochechas, uma cicatriz na parte de trás da coxa direita por causa de um cão que lhe ferrou e andava sempre de saia de pregas e com uns sapatos pretos com uma fivela em cima. A Ritinha, na altura, tinha um irmão de três anos que costumava andar sempre a chuchar no dedo.
Eu gostava muito que vocês encontrassem a Ritinha porque eu sinto muito a falta dela. Eu brincava mais com ela do que com os meus amigos rapazes. Muito mais que jogar à bola, eu preferia brincar às casinhas e aos médicos com a Ritinha. Eu gostava de lhe dar injecções e sei que ela também gostava da minha seringa. E como eu, agora, não tenho nenhuma amiga especial com que possa brincar às casinhas e aos médicos, lembrei-me que o Você na TV podia fazer o favor de me encontrar a Ritinha.
A outra pessoa que eu gostava muito que me encontrassem era um colega meu do centro de emprego onde eu trabalhava em Baião, o Rui, que me disseram que foi mandado embora já há quatro anos. Disseram-me que ele decidiu, depois, sair de Baião para fazer vida num local melhor ou até no estrangeiro. Ao certo, só me sabem dizer que apanhou uma camioneta da Rodoviária, numa sexta-feira à tardinha, que meteu pela estrada que vai para o Porto. O Rui é um tipo moreno, de cabelo escuro, mais ou menos da minha altura, portista de ir ver os jogos ao estádio e que gostava de ver filmes de porrada do Stalóne.
Eu gostava muito que vocês encontrassem o meu antigo colega, porque quando eu vim para Lisboa ele ficou a dever-me cinquenta euros.
Estou disponível para ir aí ao programa para ser entrevistado às quintas e sextas, a partir das 12h15. Muito obrigado pela atenção e continuem com o programa. Na certeza de que vão atender aos meus pedidos, despeço-me com um até breve.
Alfredo.»

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